É MAIS QUE VOAR

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Etiqueta: Cuidado celebridades a bordo | É MAIS QUE VOAR

Sofia Rossi atuou como comissária de voo durante 27 anos pela VARIG. Com a experiência adquirida nos céus do Brasil e do mundo, atualmente é palestrante e consultora de postura, comportamento, atendimento ao cliente, etiqueta social, à mesa e profissional.



Autora do livro "Modos e Estilos – Seu Guia de Boas Maneiras" (Adquira o seu exemplar aqui). Além de consultoria para programas de TVs e colunista de diversos websites, blogs, revistas e jornais impressos. Neste artigo, Sofia Rossi compartilhou a sua experiência sobre a profissão e deu dicas de marketing pessoal aos nossos leitores que viaja a bordo de um avião seja como passageiro ou tripulante.

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Sofia Rossi - Consultora de Boas Maneiras, Etiqueta, Postura, Comportamento | É MAIS QUE VOAR
Sofia Rossi



Frequentemente recebo e-mails com dúvidas em geral e como se comportar em determinados lugares ou perante algumas pessoas.


Existe algum segredo? Qual é o mistério?
Afirmo-lhes: nenhum! Não devemos nos sentir intimidados ao encontrarmos alguém diferente das pessoas do nosso relacionamento!

A bordo de um avião, várias vezes nos deparamos com autoridades políticas, religiosas, celebridades, etc.

Recordo que certa vez no Aeroporto de Tóquio, enquanto me dirigia para o avião, vi a recepcionista da companhia aérea acompanhando um passageiro. Até aí tudo normal, mas quem era esse passageiro? Eram os anos 90 e Kenny G despontava sua carreira pelo mundo afora.

Rapidamente me dirigi até os dois e disse para ele:

- “Olá! Adoro seu trabalho! Você é demais”.

Muito simpático, olhou meu crachá (eu estava uniformizada) e disse:

- “Você é do Brasil? Uau! Eu adoro seu país! Adoro vocês”.

Fiquei muito feliz só pela atenção que recebi!

Quando cheguei a bordo, contei para alguns colegas que não sabiam de quem eu estava falando e nem deram atenção para a emoção que sentia naquele momento.

Em outra ocasião, ainda novinha na aviação (sempre somos “novinhos” na aviação!). Era um 737. Embarque liberado e eu posicionada ao lado do chefe de equipe para o “bom dia senhor, bom dia senhora” nosso de cada dia.

Na escada do avião, aguardava para embarcar um cantor que admirava muito. Nossa! Fiquei muito feliz ao vê-lo, que passou na nossa frente, não nos cumprimentou, sentou na sua poltrona e dormiu até chegarmos ao aeroporto de destino. Eu gostaria de ter conversado com ele, ouvido sua voz, coisas de fã. Nada disso aconteceu: ele havia se apresentado na noite anterior e além de cansado, cheirava a bebida. Fiquei frustrada!

Um grande corredor Formula 1 num determinado voo comprou a primeira classe toda, pois queria privacidade. Lá estava ele sozinho, dormindo e três comissários disponíveis para atendê-lo.

Por que citei estes fatos?

Eles acontecem e nenhum de nós está livre de passar por isso.

Algumas regras básicas das Boas Maneiras nos direcionam para não termos um ataque de tiete ou fã incondicional.

Aja naturalmente como se a pessoa fosse um passageiro como todos os outros. Não chame a pessoa de “você”. Lembre-se que ela está na sua vida através da mídia, mas ela não o conhece. Você até pode se achar íntimo dela, mas ela nunca o viu pela frente. Lembre-se: intimidade demais é deselegante. Não é o nosso papel a bordo como tripulante!

Algumas pessoas querem “sossego” a bordo e nos pedem para evitar pedidos de autógrafos ou fotos: devemos acatar seus pedidos.

Devemos ficar atentos e observar se estão sendo assediados e aborrecidos por passageiros “sem noção” e por outro lado, lembro que não somos guarda costas de celebridades.

Outros colocam os óculos de sol, só tiram em casa e são do tipo: "sou conhecido não quero que me aborreçam bando de chatos!"

Se o famoso for receptivo e simpático é diferente, mas nosso comportamento (de tripulante) deve sempre ser o mais discreto possível.

Existe a celebridade que chamo “instantânea”, ou seja: o famoso quem? Este tipo faz questão de ser notado. Podemos deixá-lo ter seu momento de glória a bordo? Sim, desde que não atrapalhe o bom andamento do voo, porque não? Passado o momento, sente e aperte seu cinto, senhor!

Tem uma historinha que aconteceu de verdade e virou folclore na aviação. Uma certa cantora entrou no avião, olhou para a comissária e disse:

- “Oi, sou a fulana de tal”.

A comissária que não a conhecia respondeu:

- “Olá! Bem vinda a bordo, quer me entregar o seu bilhete? Você é base Rio ou São Paulo?”.

Saia justa formada, a cantora e a comissária não sabiam o que fazer em seguida. Imaginem a situação!

São histórias e mais histórias, ficaria aqui escrevendo um bom tempo. Presenciei um pouco de tudo na minha “vida voadora”: atriz jogando charme para conseguir viajar na primeira classe, político falando alto ao celular durante o embarque para chamar a atenção de quem estava a bordo, ator que depois que sentou na classe executiva nem “obrigado” disse à tripulação, uma cantora que ia aos EUA pela primeira vez e queria treinar o inglês dela conosco, outro que ao pegar o copo pegou na minha mão também e por aí vai…

Reis, presidentes, atores, cantores, atletas, celebridades e outras nem tanto, viajaram comigo pelos céus do mundo.

Estas pessoas gostam de ser tratadas como qualquer ser humano normal. Aliás, se pensarmos bem, eles são normais, só que tem uma exposição por conta de sua profissão ou função, concordam comigo?

E as pessoas que adoram conversar conosco? Até aí nada demais, certo? Depende. Antes da decolagem é complicado, pois estamos envolvidos com o embarque. Durante o serviço de bordo pode atrapalhar o andamento do mesmo. Terminado o serviço de bordo é a nossa hora de ir ao banheiro, retocar maquiagem, comer ou beber alguma coisa e com passageiro ao lado não dá. Além do mais é proibido passageiro em pé dentro da galley. Portanto, um papo a bordo, só em voos longos mesmo. Não podemos ser indelicados e devemos evitar conversas longas.

E os chatos? Estes aí não têm jeito mesmo: chato é chato em qualquer lugar!

Paciência, muita paciência sempre!

O nosso bom senso é companheiro inseparável! Quando estamos uniformizados estamos representando a empresa que trabalhamos, portanto, postura acima de tudo.

Saber trabalhar com o público é um dom! É uma experiência nova a cada etapa do voo e a cada dia de nossas vidas.

Felizes são os que conseguem aprender com elas!

Bons voos a todos!

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Esta versão de artigo foi descrita por Sofia Rossi quando em 2009 foi colunista do Meio Aéreo. Todas as informações contidas neste artigo e publicado aqui são de autoria de Sofia Rossi.

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